Saturday, December 03, 2005



Vale ler o artigo de David Rieff na revista do New York Times deste domingo sobre a morte da mãe dele, Susan Sontag. O título, Ilness as more than metaphor, a doença como mais do que metáfora, é glosa de doída ironia sobre o título de um dos livros mais lidos de Sontag, Ilness as metaphor, a doença como metáfora. Para quem perdeu a mãe, a doença e a morte são mais reais do que figuras de retórica. A verdade é que Susan Sontag não acreditava na morte - a dela, pelo menos.
Pra quem não sabe, ela foi uma das intelectuais mais influentes nos Estados Unidos e na Europa, nas últimas décadas. Em New York, era o centro em torno de quem o mundo intelectual e artístico girava.



Não consegui entrevistá-la, já estava muito doente.
O texto de David discute o que fazer diante de um câncer muito avançado. Lutar contra ele, submetendo-se a tratamentos dolorosos com pouca chance de sucesso, ou apenas aliviar o sofrimento no final da vida?
Susan Sontag, que já tinha superado dois cânceres, resolveu lutar.
O melhor no artigo de David, que entrevistou cancerologistas e outros especialistas em busca de uma resposta, é que não há resposta. Não há fórmula.
Mas apenas 30% dos pacientes sabem o que querem: lutar ou morrer. Os outros 70% entregam a decisão ao médico, o que é a pior saída, tanto para o paciente quanto para o médico.







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