A poem by Fernando Pessoa
translated by Jorge Pontual
for Richard Serra.
The rain? No, no there is no rain...
Then, where is this day that I feel
In which the sound of rain is real,
Inviting my useless pain?
Where is this rain that I can hear?
Where this sadness, o sky so clear?
I want but I can't smile at you
And call you mine, o sky of blue...
And the rain's everlasting din
In my mind is forever dark.
I am the invisible arc
Chiseled by the howl of the wind...
And so, facing the blue of day
As if presaging my demise,
I grieve... And whatever is gay
Falls to my feet as a disguise.
It's always raining in my soul.
Inside of me there is a hole.
Someone hears in my inner room
The rain, rain as a voice of doom...
When will I turn into your hue,
Into your placid, charming cheer,
O luminous, external blue,
O sky more useful than my tears?
Chove ? Nenhuma chuva cai...
Então onde é que eu sinto um dia
Em que ruído da chuva atrai
A minha inútil agonia ?
Onde é que chove, que eu o ouço ?
Onde é que é triste, ó claro céu ?
Eu quero sorrir-te, e não posso,
Ó céu azul, chamar-te meu...
E o escuro ruído da chuva
É constante em meu pensamento.
Meu ser é a invisível curva
Traçada pelo som do vento...
E eis que ante o sol e o azul do dia,
Como se a hora me estorvasse,
Eu sofro...
E a luz e a sua alegria
Cai aos meus pés como um disfarce.
Ah, na minha alma sempre chove.
Há sempre escuro dentro de mim.
Se escuto, alguém dentro de mim ouve
A chuva, como a voz de um fim...
Quando é que eu serei da tua cor,
Do teu plácido e azul encanto,
Ó claro dia exterior,
Ó céu mais útil que o meu pranto?
Fernando Pessoa, Richard Serra
Sunday, January 12, 2014
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2 comments:
Palavras afáveis sempre tem seu lugar.
Ha dias que palavras assim são altamente desejadas pelo nosso intimo.
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