Friday, August 01, 2008

Clément Marot

I read with enormous pleasure Douglas Hofstadter's books Le Ton Beau de Marot and I Am a Strange Loop.
The former is about translation, with dozens of wonderful versions of the following poem by Clément Marot:


À une damoyselle malade

Ma mignonne,
Je te donne
Le bon jour.
Ce séjour
Est prison.
Guérison
Retrouvez
Puis ouvrez
Votre porte
Et qu'on sorte
Vitement,
Car Clément
Le vous mande.
Va, friande
De ta bouche
Qui se couche
En danger
Pour manger
Confitures;
Si tu dures
Trop malade,
Couleur fade
Tu prendras,
Et perdras
L'embompoint.
Dieu te doint
Santé bonne,
Ma mignonne.

The following are my own translations in Portuguese and English. And two retranslations to French.
Seguem minhas próprias traduções em português and inglês. E duas retraduções para o francês.



Little boy
What a joy,
You, today.
This sick stay
Has to end.
Don't extend
Your refrain,
Run again,
Run amock,
Doors unlock,
So says Doug
(What Clem dug
Long ago).
Time to go,
You, gourmand,
Who viand,
Choice sweets,
Gladly eats
While in bed.
But you'll shed
Too much weight
If you wait
To recoup
From this loop,
And turn pale.
Heavens hail,
Sails ahoy,
Little boy.



Meu bebê,
Pra você
Meu alô.
Seu dotô
É carrasco.
Não dá asco
Ser doente?
É Clemente
Quem lhe diz.
Por um triz
Você dança,
Viu criança.
Corra, eia!
Boca cheia
De geléia,
Hein, tetéia,
De pijama
Nessa cama,
A sofrer...
Tu vais ver
Que a doença
É sentença
Sem perdão,
É prisão
Sem saída.
Boa vida
Deus te dê,
Meu bebê.




Minha linda,
Está ainda
De pijama!
Essa cama
É tortura.
Queira a cura
Sem tardança,
Vá criança,
Caia fora,
Tá na hora
De ir em frente,
Eu, Clemente,
Tu, garota.
É, marota,
Que mastiga,
Sim, amiga,
Sem vergonha
Sobre a fronha
Seu gateau.
Se Marot
Fala em vão,
Triste então
E escuro
Será tudo
Pra você.
Deus lhe dê
Muito ainda,
Minha linda.





Minha flor,

Vossa dor

Me faz pena;

Quarentena

É prisão.

A razão

Retomai,

Empurrai

Vossa porta,

O que importa

É sair,

E fugir

Marot manda.

Vai, malandra

Doentinha

Que se aninha

Pra curtir

E engolir

Guloseimas;

Se tu teimas

Em sofrer,

Vais perder

Toda a cor

E o frescor

De bebê.

Deus te dê

Bom vigor,

Minha flor.



Mon petit,
Je vous dit,
Voici l'heure.
C'est malheur
D'être au lit,
Votre vie
En erreur,
Votre coeur
Endormi.
Votre ami
Je demeure
Et je meurs
De souci.
Allez-y
De bonne heure!
Toi qui beurres
Tes biscuits
Dans la nuit,
Dont la peur
N'est qu'un leurre,
Dont l'esprit
Est meurtri,
Viens, ma soeur,
Ton horreur
Est finie.
Le voici
Ton bonheur,
Mon petit.


Douglas Hofstadter

Doug mon cher
D'outre-mer
Mon salut.
Deuil aigu
Est un loup,
Loup-garou
Qui nous mange,
Loup étrange
Et sans fin.
Notre faim
Nous démange
"E pur" l'ange
Est mortel
Immortel
Qui revient
Et devient
Une image
Sans âge,
Ambigram.
C'est Clément
Qui le dit,
Chickadee,
Que la vie
Nous sourit.
Dieu te donne
Ta mignonne
En mystère,
Doug mon cher.

3 comments:

Anonymous said...

Achei Clément com um olhar tão triste...Ô dó!

Uma das coisas que me diverte quando visito grandes museus nas minhas viagens é ficar analisando os retratos pintados. Fico prestando atenção nos olhares, fisionomias e trajes. Acho bacana. Pode ser que o artista tenha dado uma "melhorada" na pessoa, mas acho que o olhar diz muito e nisso o artista não ia mudar muita coisa.

Parabéns pelo seu Blog. Sempre ótimo.

Helenice Priedols said...

Que bom encontrar um blog com (boas) traduções de poesia. Aos poucos vou lendo.

Quanto à de Marot, gostei mais dessa: "Minha flor, vossa dor me faz pena..."

Belo trabalho.
Abraço.

PAZ e LUZ

Micheline Christophe said...

Pra quem como eu trabalha com tradução e ama a poesia, este post é maravilha! Muito obrigada, Jorge, por partilhar comigo esta delícia!
Micheline