Tuesday, July 24, 2007
Wednesday, July 18, 2007
Um amigo do Canadá me mandou estas aquarelas pintadas pela Grã Duquesa Olga, a última herdeira do império russo, que morreu no Canadá em 1960. Perseguida por Stalin ela teve que deixar o asilo na Dinamarca (era neta de um rei dinamarquês) e se refugiar numa fazenda perto de Toronto. Morreu pobre e deixou cerca de 2 mil aquarelas que hoje estão sendo exibidas em museus na Rússia e outros países. Um detalhe curioso dessa vida que dá um romance: ela se casou com um duque mas ele era homossexual e o casamento não se consumou. Olga conheceu um coronel russo, se apaixonou, e ele foi morar no palácio com o consentimento do marido. O irmão dela, tsar Nicolau II, concedeu o divórcio e ela então se casou com o coronel com quem teve filhos, netos e bisnetos. Outra história: foi Olga quem desmascarou Anna Anderson, que tentou se fazer passar pela princesa Anastasia, a filha do tsar que teria escapado à chacina da família imperial pelos bolcheviques. Olga foi visitar a "sobrinha" e constatou que era uma impostora. Meu amigo, que é curador das mostras da artista, diz que ela era uma pessoa encantadora.
Tuesday, July 17, 2007
Quem é a maior estrela da ginástica olímpica no Pan? Com três medalhas de ouro e uma de prata, é a americana Shawn Johnson, 15 anos. Ela é um fenômeno, graciosa, perfeita, encantadora, irressistível, a grande esperança dos EUA na Olimpíada de 2008 em Pequim. Confirmou no Pan o que se esperava dela. Suas apresentações foram impecáveis na segunda, quando ganhou a medalha de ouro individual, e na terça, ouro nas assimétricas e na trave, prata no solo. Shawn deverá ser, para Pequim , o que Nadia Comaneci foi para Montreal. Mas se você não assistiu à transmissão das provas ao vivo nos canais a cabo, não ficou sabendo. É que Shawn Johnson cometeu o erro fatal neste Pan: nasceu nos Estados Unidos.
Foi ótimo ter chovido ouro no Brasil na natação e na ginástica. Passamos para terceiro. Mas será que só eu estou interessado na nova estrela mundial da ginástica olímpica? Sou da época em que valia o talento do atleta, não o país que representa.
Quem quer aprender a voar, precisa primeiro aprender a ficar de pé e a andar e a subir e dançar: a arte de voar não se aprende voando!
Aquele que ensinar os homens a voar afastará todos os limites, batizará a terra de novo como A Leve.
Quem quer se tornar leve e se transformar em pássaro deve se amar.
O homem é uma corda estendida entre a besta e o Super Homem - uma corda sobre o abismo.
É perigoso passar de um lado ao outro, perigoso ficar no caminho, perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar.
O que há de grande no homem é que ele é uma ponte e não um fim: o que se pode amar no homem é que ele é uma passagem e uma queda.
Por trás dos teus pensamentos e teus sentimentos, irmão, há um soberano possante e um sábio desconhecido. Ele mora no teu corpo, é teu corpo.
Há mais razão no teu corpo que na tua melhor sabedoria. Há sempre um pouco de loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.
E mesmo eu, que estou voltado para a vida, acho que as borboletas, as bolhas de sabão e o que se assemelha a elas entre os homens são o que melhor conhece a felicidade.
Ver voar essas alminhas leves, loucas, graciosas e móveis - isso dá a Zaratustra vontade de chorar e cantar.
Eu não poderia acreditar num deus que não soubesse dançar.
Agora sou leve, agora vôo, agora me vejo abaixo de mim mesmo, agora um deus dança através de mim.
Estou agora diante do meu último cume. Tenho diante de mim meu caminho mais duro. Começo minha corrida mais solitária.
Acima da tua cabeça e além do teu coração. Agora a coisa mais doce em ti deve se tornar a mais dura.
Precisas subir andando sobre ti. Mais alto, mais alto até que as estrelas fiquem lá embaixo.
Céu acima de mim, céu puro. Profundo. Abismo de luz. A te contemplar tremo de desejos divinos. Saltar na tua altura - eis o meu abismo. Ensconder-me na tua pureza, eis minha incoência.
Todo a minha vontade é só voar, voar para entrar em ti!
O belo corpo vitorioso em torno do qual tudo se transforma em espelho.
O corpo ágil, o dançarino cujo símbolo é alma feliz consigo mesma.
Toda alegria quer a eternidade, a profunda, profunda eternidade.
Assim fala a sabedoria do pássaro: Não há alto nem baixo. Lança-te para todos os lados, para frente, para trás, homem leve. Não fala mais. Canta.
Texto de F. Nietzche, Assim Falava Zaratustra
Até que enfim a mídia aqui está dando um pouquinho de atenção a um atleta estrangeiro (ou "forasteiro" como prefere o UOL), que apareceu por alguns segundos numa reportagem. Também pudera, o homem é um mito da natação, um veterano de 32 anos. Gary Hall Jr. é o americano recordista de velocidade na piscina, participou de três olimpíadas e conquistou 10 medalhas: cinco de ouro, três de prata, duas de bronze. O pai, Gary Hall Sr, também participou de três olimpíadas, o que faz deles a única dupla pai-filho que esteve em três jogos olímpicos. Gary é um figuraço, se veste como super-herói e dança shadow-boxing na beira da piscina, as crianças o adoram. Aos 24 anos descobriu que sofre de diabetes tipo 1, ou seja, frequentemente tem que injetar insulina antes ou depois de uma prova. Virou o porta-voz nacional da Associação de Diabéticos Americana, levantando fundos para pesquisa e conscientizando o país sobre a doença, além de mostrar que um diabético pode ser um atleta olímpico. E não é careta. Já foi punido por ter fumado maconha, detectada no exame antidoping (mais interessante do que remédio para celulite, não?). Enfim, se com esse currículo ele não merecer pelo menos uma reportagenzinha... Mas tem um enorme defeito: não é brasileiro.
Abaixo a jovem estrela do time americano, Dale Rogers. Já que os gringos não aparecem na TV, o jeito é vê-los aqui.
Sunday, July 15, 2007
Primeiro ouro do Brasil, Diogo Silva.
Na Olimpíada de Atenas, Diogo entrou no ringue com luvas pretas como protesto contra a falta de apoio ao esporte amador no Brasil:
"É uma luva dos Black Panthers, um sinal de protesto, da indignação. Por mais que a gente batalhe, nosso sacrifício não é recompensado. Foi meu protesto para que o Brasil veja a dificuldade que o esporte amador enfrenta. A gente merecia mais apoio do governo e dos empresários".
Graças a ele o Brasil passou para sétimo em medalhas no Pan.
Mas as TVs continuam ignorando os outros medalhistas, só mostram os brasileiros. Pode?
Não estou gostando do antiamericanismo idiota que empana o espírito olímpico neste Pan. A vaia do Maraca à delegação dos EUA foi vergonhosa. Tudo bem que o brasileiro esteja contra o Bush, até no país dele a maioria está. Mas o que é que os atletas têm com isso? Será inveja/despeito porque são os melhores (e já estão em primeiro com nove medalhas de ouro contra zero do Brasil, que está em nono)? Os Estados Unidos investem há muito tempo no atletismo, o que o Brasil não faz. Em quase todas as universidades há um enorme incentivo aos atletas. Com o potencial humano brasileiro, se aqui se investisse desse jeito no esporte amador nós tambem ganharíamos medalhas de ouro.
Ontem aconteceu um episódio lamentável. Acompanhei a transmissão ao vivo da maratona aquática na praia de Copabacana, mais linda do que nunca. Segundo o narrador, vinha em primeiro, bem à frente, um americano. Mais atrás, um venezuelano. E toma torcida para o venezuelano passar à frente. E passou. Foi emocionante, uma bela vitória, todos empolgados com a medalha de ouro do nadador Ricardo Monasterio da Venezuela. Mais tarde vi a entrega de medalhas. Sobe ao pódio o americano Fran Crippen (foto acima) para receber a medalha de ouro. Ué. O que houve? Um golpe anti-Chavez? Cadê o venezuelano? Nenhuma explicação para o telespectador. Hoje fui saber nos jornais que o venezuelano chegou em quarto. A disputa emocionante foi entre dois americanos. A imprensa botou a culpa pelo engano no comitê organizador. Mas tive que penar para achar essa notinha. Pra quase todo mundo o venezuelano continua campeão. E o pior é que não saiu nada sobre o Crippen, texto, foto, nada. É como se não existisse. Os americanos já ganharam nove medalhas de ouro até esta manhã de domingo mas a imprensa só fala exaustivamente dos brasileiros que ganham prata e bronze. Tudo bem, eles merecem aplausos. Mas por que ignorar os campeões? Por causa do Bush? Essa mentalidade tacanha não ajuda o Brasil.
Friday, July 13, 2007
RIO CIDADE OLÍMPICA
Nuzman está certo, o Pan abençoou o Rio com o espírito olímpico. Vejo desde garotinho as aberturas de Olimpíadas (as primeiras em filme) e nunca vi nada, nada que chegasse perto dessa cerimônia do Pan. Deslumbrante é pouco. Mais que perfeita. Chorei do início ao fim, a começar com Elza Soares arrasando no hino nacional a capela (finalmente nos livramos da Fafá de Belém). Aquele "margens pláaaaacidas" gutural foi de arrepiar. Até dona Marisa chorou apesar do botox.
Sempre achei a Rosinha Magalhães de longe a melhor carnavalesca, mas diante da torcida contra unânime na nossa imprensa, temi pelo pior. Ela fez os urubus engolirem a língua. Cada imagem, cada cena era mais original e arrasadora do que a outra, tudo - dança, música, roupas, luzes, fogos, e o timing, que nunca ficava longo, arrastado, repetitivo. Um espetáculo enxuto e ao mesmo tempo transbordante de beleza.
Fiquei surpreso e triste, procurando fotos, ao constatar que a mídia mundial ignorou a festa. Não foi transmitida nos EUA a não ser por um obscuro canal hispânico que ninguém vê. Nem na internet foi destaque. O problema é que os atletas top dos EUA não participam do Pan porque os jogos perderam expressão. Mas se for pela festa de abertura, já somos campeões olímpicos. E candidatos sérios à Olímpiada de 2016.
Nem nosso patético Guia conseguiu estragar a festa. Levou vaia todas as vezes que seu nome foi mencionado, mas acabou sendo salvo de uma vaia avassaladora por Nuzman, que tomou a si a incumbência presidencial de declarar abertos os jogos. Foi um alívio. Teria sido chato empanar o brilho da festa com uma tremenda vaia, mesmo que totalmente justificada.
Digo a todo mundo aqui com os olhos de quem está longe há muito tempo que o Rio está muito, mas muito melhor. E finalmente o poder público resolveu atender ao anseio da população e enfrentar a criminalidade, a corrupção, a impunidade. É claro que o caos do governo federal atrapalha - nosso Guia pateta diz que dá todo apoio a Sérgio Cabral, porém se recusa a mandar o Exército - mas o Rio está começando a dar a volta por cima. E o Pan é reflexo disso. A torcida contra na mídia anunciou que haveria um caos no trânsito a partir de hoje. Quebraram a cara. Vim da Gávea à Barra na hora do rush em 15 minutos, contra uma hora e meia da sexta-feira passada. O povo carioca resolveu colaborar com o esquema do trânsito e deixar o carro em casa. O Rio dá certo quando todos querem.
Estou apaixonado pelo Rio e pelos cariocas.
Tuesday, July 03, 2007
Estou no Rio, que felicidade. Fico até agosto. Byebye New York.
Encontrei esta foto no Flickr, faz parte de uma sequência deslumbrante, obra da fotógrafa genial de Niterói chamada neloqua.
Cheguei ao Rio hoje. Passei esses dias todos sem entrar no blog. Ouvi dizer que andaram acontecendo coisas estranhas nos comentários, alguns sumiram, não sei. Acho que tenho um webmaster fantasma que me protege de comentários ruins. Seja quem for, agradeço.
Perdoem o lugar comum mas estou em êxtase com o Rio. Horas contemplando o Corcovado da janela, esperando a lua nascer por trás do Pão de Açucar na Praia Vermelha, deitado na rede olhando a Pedra da Gávea. Ainda faltam os Dois Irmãos, a Lagoa, sei lá. Tom disse tudo: New York é bom mas é uma merda. O Rio é uma merda mas é boooooooooooom...
Achei estas fotos lindas no Flickr.
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