Friday, November 05, 2010




Sem Fronteiras: derrota de Obama para o Tea Party

Tuesday, October 12, 2010

Jessye Norman



Milênio com Jessye Norman

Backstage here

Saturday, September 11, 2010

vida breve, vida imensa



Cazuza e Keith Haring, artistas imensos dos nossos tempos, nasceram no mesmo ano, 1958, e morreram aos 31 anos de AIDS em 1990.
Juntei neste video a Vida Louca Vida de Cazuza e a arte de Keith, o grafiteiro do subway de Nova York que se tornou um dos artistas mais populares do mundo, especialmente entre as crianças. Apaixonado pelo Brasil (vide o seu Brazil, em cima de um trecho do nosso mapa, seguido de Pelé e Capoeira) e pelos homens de Porto Rico, Keith se dizia um branco de alma negra. Pintou os corpos dos negros Bill T. Jones e Grace Jones, criou um dos símbolos da campanha contra o apartheid, militou no combate à AIDS e ao crack e pelo sexo seguro, criou ícones como o bebê radiante e embora inimigo das religiões organizadas (debochava da hipocrisia do Vaticano, carregado de arte homoerótica) deixou como um dos seus últimos trabalhos o sublime tríptico de prata que é hoje a peça mais bela da Catedral de São João em Nova York. Vida louca, vida breve, vida imensa.

Friday, September 10, 2010

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I made a slideshow with pictures of the Tribute in Light memorial that has happened every September 11 in New York. It was created by the architects Gustavo Bonevardi and John Bennett. Click here to watch on YouTube or click on the poicture to download the video.
9/11 led to two opposing paths: one, to Bush and the awful, hopefully never built "Freedom" Tower. The other to Barack Obama and the Tribute in Light.
The music is "Agonía" from the Argentine composer Osvaldo Golijov's Pasión Segun S. Marcos sung by Luciana Souza and the Caracas Schola Cantorum. Clic on the picture to download the video.

Text:
Agonía (Aria de Jesús)
Jesús (Solo 1):
Abba, abba, abba...
Aparta el cáliz de mi
apártalo de mi

Marcos (Coro A):
Él volvió y ellos dormían
y llamó a Pedro:

Jesús: (Solo 2):
Simón!... Duermes?... Duermes?

Coro A:
Simón!...
duermes?... duermes?
Siquiera una hora
pudiste velar?

Coro B:
Si al anochecer
a medianoche
o a la mañana...
(eco de los anuncios)

Jesús (Solo 3):
Despiértense...
para evitar la tentación.
El alma quiere la verdad
pero la carne es débil.

Solo 1:
Abba, abba, abba...
Aparta el cáliz de mi
apártalo de mi

Marcos (Coro A):
Él volvió y dormían
Los ojos de sueño
cargados tenían

Jesús (Solo 1):
Abba, Abba, Abba...
Aparta de mi el cáliz
aparta el cáliz, apártalo...
Pero no lo que quiero yo
sino lo que Tú

Jesús (Solo 3):
Duerman ya
la hora llegó

Coro B:
Si al anochecer
a medianoche
o a la mañana

Jesús (Solo 1):
Vámonos, vámonos, levántense
No ven que el hijo el hombre
va a ser entregado
en manos de los pecadores?
Vamos, se acerca el traidor ahí,
el hijo el hombre ya se va, sí
Ya se va el hijo del hombre..

Coros:
Ya se va el hijo del hombre...

Friday, April 09, 2010

9 de abril,1821 - nasce Charles Baudelaire




Élévation

Au-dessus des étangs, au-dessus des vallées,
Des montagnes, des bois, des nuages, des mers,
Par delà le soleil, par delà les éthers,
Par delà les confins des sphères étoilées,

Mon esprit, tu te meus avec agilité,
Et, comme un bon nageur qui se pâme dans l'onde,
Tu sillonnes gaiement l'immensité profonde
Avec une indicible et mâle volupté.

Envole-toi bien loin de ces miasmes morbides;
Va te purifier dans l'air supérieur,
Et bois, comme une pure et divine liqueur,
Le feu clair qui remplit les espaces limpides.

Derrière les ennuis et les vastes chagrins
Qui chargent de leur poids l'existence brumeuse,
Heureux celui qui peut d'une aile vigoureuse
S'élancer vers les champs lumineux et sereins;

Celui dont les pensers, comme des alouettes,
Vers les cieux le matin prennent un libre essor,
-- Qui plane sur la vie, et comprend sans effort
Le langage des fleurs et des choses muettes!

Elevação


Acima dos valões, acima dos quintais,
Das montanhas, dos bosques, das nuvens, dos mares,
Muito depois do sol, dos campos estelares,
Muito além dos confins das esferas astrais,

Espírito meu, voas com agilidade;
Como o bom nadador que na onda se excita,
Mergulhas com prazer na amplidão infinita,
Na indizível volúpia da virilidade.

Decola para longe deste chão doente,
Vai te purificar no ar superior
E sorver o límpido, divino licor
Da clara luz que inunda o espaço transparente.

Em meio a infortúnio, mágoa e veneno,
Que tornam mais pesada esta vida brumosa,
Feliz de quem puder com asa vigorosa
Alçar vôo no céu luminoso e sereno;

Quem tiver pensamentos como a passarada
Que no ar da manhã revoa em liberdade
-- Quem planar sobre a vida, entender a verdade,
Na linguagem da flor e das coisas caladas!

Charles Baudelaire, tradução Jorge Pontual


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PROJETO DE EPÍLOGO
para As Flores do Mal
Charles Baudelaire
(tradução Jorge Pontual)
I

De coração leve subi até o ápice
Da colina, de onde se vê toda a cidade:
Hospital, bordel, purgatório, inferno, cárcere,

Lugar onde prospera toda enormidade.
Sabes bem, Satã, patrono do meu quebranto,
Que lá não ia para chorar saudade

Mas, velho rufião de uma velha amante,
Embriagar-me de ti, enorme messalina,
Do teu charme infernal que me renova tanto!

Quer durmas ainda no torpor matutino,
Lerda, escura. gripada, quer te engalanes
Com os véus da noite, bordados de ouro fino,

Eu te amo, capital infame! Mundanas
E malandros também oferecem prazeres
Inatingíveis pelos vulgares profanos...

II

Calmo como um sábio, doce como um maldito,
Minha charmosa, belíssima, eu te amo.
Tua luxúria sem sede, amores sem alma,
Teu gosto de infinito
Presente em tudo, até no próprio Mal...

Tuas bombas, punhais, vitórias, festivais,
Tuas avenidas melancólicas,
Tuas pensões baratas,

Teus jardins cheios de suspiros e intrigas,
Teus templos que vomitam orações melódicas,
Teu choro infantil, teu riso de velha louca,
Teus desencantos...

Teus fogos de artifício, gozo em chafariz,
Alegrando o céu mudo e tenebroso.

Teu venerável vício, de sobrepeliz,
Tua virtude pífia, de olhar lacrimoso,
Chafurdando no luxo que a faz feliz.

Teus princípios salvos, tuas leis conspurcadas,
Teus monumentos altivos fisgando brumas,
Tuas cúpulas de metal que o sol inflama,
Tuas rainhas do palco, vozes de fada,
Teus dobres de luto, teus canhões trovejantes,
Teu piso mágico erguido em barricada
Tua politicalha de estilo barroco
Pregando o amor, e mais, teus esgotos de sangue
Se engolfando no inferno como um Orenoco,
Teus sábios, novos bufões de velho reboco.

Anjos cobertos de ouro, púrpura e xanto,
Sois testemunhas de que cumpri meu dever,
Como perfeito alquimista, alma de santo
Pois sei de cada coisa extrair o nó.
Me destes tua lama, eu fiz ouro em pó.



PROJET D’UN ÉPILOGUE

I

Le coeur content, je suis monté sur la montagne
D’où l’on peut contempler la ville en son ampleur,
Hôpital, lupanar, purgatoire, enfer, bagne,

Où toute énormité fleurit comme une fleur.
Tu sais bien, ô Satan, patron de ma détresse,
Que je n’allais pas là pour répandre un vain pleur;

Mais, comme un vieux paillard d’une vieille maîtresse,
Je voulais m’enivrer de l’énorme catin,
Dont le charme infernal me rajeunit sans cesse.

Que tu dormes encor dans les draps du matin,
Lourde, obscure, enrhumée, ou que tu te pavanes
Dans les voiles du soir passementés d’or fin,

Je t’aime, ô capitale infernale! Courtisanes
Et bandits, tels souvent vous offrez des plaisirs
Que ne comprennent pas les vulgaires profanes.

II

Tranquille comme un sage et doux comme un maudit,
J’ai dit:
Je t’aime, ô ma très belle, ô ma charmante...
Que de fois...
Tes débauches sans soif et tes amours sans âme,
Ton goût de l’infini,
Qui partout, dans le mal lui-même, se proclame...

Tes bombes, tes poignards, tes victoires, tes fêtes,
Tes faubourgs mélancoliques,
Tes hôtels garnis,
Tes jardins pleins de soupirs et d’intrigues,
Tes temples vomissant la prière en musique,
Tes désespoirs d’enfant, tes jeux de vieille folle,
Tes découragements,

Et tes feux d’artifice, éruptions de joie,
Qui font rire le Ciel, muet et ténébreux.

Ton vice vénérable étalé dans la soie,
Et ta vertu risible, au regard malheureux,
Douce, s’extasiant au luxe qu’il déploie.

Tes principes sauvés et tes lois conspuées,
Tes monuments hautains où s’accrochent les brumes,
Tes dômes de métal qu’enflamme le soleil,
Tes reines de Théâtre aux voix enchanteresses,
Tes tocsins, tes canons, orchestre assourdissant,
Tes magiques pavés dressés en forteresses,
Tes petits orateurs, aux enflures baroques
Prêchant l’amour, et puis tes égouts pleins de sang,
S’engouffrant dans l’Enfer comme des Orénoques,
Tes sages, tes bouffons neufs aux vieilles défroques.
Anges revêtus d’or, de pourpre et d’hyacinthe,
Ô vous! soyez témoins que j’ai fait mon devoir
Comme un parfait chimiste et comme une âme sainte.
Car j’ai de chaque chose extrait la quintessence,
Tu m’as donné ta boue et j’en ai fait de l’or.


Tuesday, March 23, 2010

Goya, las angelitas (YouTube)





As anjas de Goya - las ángelas - são quase um segredo. Moram na pequena capela da Ermida de Santo Antonio onde Goya está enterrado. É um museu da prefeitura (ayuntamento) de Madri e talvez por isso não esteja nos guias turísticos com tanto destaque quanto o Museu do Prado e outros, ricos em obras-primas de Goya. É difícil achar a capelinha.

Ermita de San Antonio de la Florida

De tudo que eu e Angela vimos em Madri, nada chega perto. Passamos quase um dia todo lá.

Goya pintou os afrescos que decoram a pequena capela em 1798. Ali, à beira do rio Manzanares, longe do centro da cidade, ficava um lugar de peregrinação com uma imagem milagrosa de Santo Antonio de Pádua. Os madrilenhos eram devotos do santo português.

Goya, O milagre de Santo Antonio de Pádua

O afresco principal, na abóboda, mostra o milagre de Santo Antonio. Um milagre curioso. O pai do santo tinha sido acusado de assassinato. Santo Antonio ressuscitou o assassinado, que exonorou o pai do santo e voltou ao túmulo.

Milagre de Santo Antonio, detalhe

Em torno da cena do milagre, Goya pintou, em vez da Lisboa medieval, a Madri do seu tempo, com majas e majos, jovens que trocam olhares namoradores, e uma série de tipos populares.

Milagre de Santo Antonio, detalhe



Mas o que arrebata o olhar é o cortejo de anjas nas paredes da capela.





São majas, belas madrilenhas, sensuais e faceiras, com asas angelicais.





São elas que cercam o túmulo do pintor, no monumento fúnebre mais festivo e vital que já se viu.







Thursday, February 18, 2010