Friday, December 11, 2009

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Sem Fronteiras sobre o debate do aquecimento global nos Estados Unidos

http://bit.ly/4DJe8i

Tuesday, September 01, 2009

Coluna de Arnaldo Jabor

(agradeço a Eduardo Dias, visitem o blog dele http://verbo-adverbum.blogspot.com/)

Terça-feira, Setembro 01, 2009

O dogma Lula é irrevogável

ARNALDO JABOR - O GLOBO - 01/09/09

Por que Aloizio Mercadante não manteve sua "irrevogabilidade"? Porque não teve coragem de enfrentar Lula.
Mas, por que não teve? A razão é a mesma que acomete muitos intelectuais "não petistas" : Lula é "inatacável".
Poucas pessoas têm coragem de contestar um ex-operário, aparentemente honesto, que muito sofreu para chegar onde está. Além disso, Lula tem a cor do que seria a pátina da "revolução", de uma "justiça social" vaga.
Por isso, pergunto-me: será que os intelectuais não veem que nossa democracia conquistada há vinte anos está sendo roída pelos ratos da velha política?
Não se trata (nem estou pedindo) que esculachem o presidente.
Lula tem várias qualidades, mas está usando só os seus defeitos: autoritarismo de Ibope alto, "lua de mel consigo mesmo", confusão conceitual no ensopadinho ideológico do "lulismo" (discursos populistas e práticas oportunistas), ausência de um plano concreto, além do virtual e midiático PAC, alianças com os mais sujos para "governar" e ficando incapaz de fazê-lo pelas mesmas alianças que agora o manietam.
A atitude de Lula de se colocar "acima" da política como sendo "coisa menor" é uma sopa no mel para corruptos e vagabundos. No dia seguinte à absolvição de Sarney, o PMDB não deu trégua e já quer mais emendas orçamentárias, no peito.
Alguns intelectuais ficam "angustiadinhos": "Ah...eu tinha um sonho...que se esfumou..." - choram os militantes imaginários, e nada fazem. A covardia intelectual é grande. Há o medo de ser chamado de reacionário ou careta. Todos continuam com a mania de que são "radicais" (como ser, por exemplo, corintiano doente).
Continuam ativos os três tipos exemplares de "radicais": os radicais de cervejaria, os radicais de enfermaria e os radicais de estrebaria. Os frívolos, os burros e os loucos. Uns bebem e falam em revolução; outros zurram e os terceiros alucinam. Padecem da doença herdada (resistente a antibióticos) de um voluntarismo com ecos stalinistas, cruzada com o germe do sindicalismo oportunista. Para eles, "administrar" é visto como ato menor, até meio reacionário, pois administrar é manter, preservar - coisa de capitalistas.
Lula é dogma. Diante dele, abole-se o sentido crítico. É como desconfiar da virgindade de Nossa Senhora. Fácil era esculhambar FHC.
Volto a dizer: não quero que "demonizem" Lula; pelo contrário, quero até que o ajudem nessa armadilha em que o país (e ele) caiu por sua atitude.
Lula viaja nessa maionese ambivalente (que até a "The Economist" denuncia) de leninismo sindicalista com apresentador de TV, um "mix" de Waldick Soriano com Getúlio.
Com essas alianças, Lula revigorou o pior problema do país: o patrimonialismo endêmico, que tinha diminuído depois de FHC. Temos agora uma espécie de "patrimonialismo de Estado": boquinhas para pelegos (200 mil) e pernas abertas para o PMDB.
Estamos diante de um momento histórico gravíssimo, com os dois tumores gêmeos de nossa doença: a direita do atraso e a esquerda do atraso. Como escreveu Bobbio, se há uma coisa que une esquerda e direita, é o ódio à democracia.
Essa crise é tão sintomática, tão exemplar para a mudança do país, que não podia ser desperdiçada pelos pensadores livres. É uma tomografia que mostra as glândulas, as secreções do corpo brasileiro - um diagnóstico completo. Esse espasmo de verdade, essa brutal explosão de nossas vísceras, talvez seja perdida porque as manobras do atraso de direita e do atraso de esquerda trabalham unidas para que a mentira vença.
E intelectuais sérios, artistas famosos e celebridades não abrem a boca. Onde estão os velhos manifestos de que eles gostavam tanto?
Quando haverá manifestações da sociedade para confrontar a ópera bufa que rola à nossa frente? As denúncias foram todas provadas, a imprensa denuncia e é ameaçada, enquanto os canalhas se sentem protegidos pelo labirinto do Judiciário. E não se trata mais de mensalões e mensalinhos, netinhos ou netinhas nomeadas; trata-se da implosão de nossas instituições republicanas, feita pelos próprios donos do poder.
O Brasil está entregue à mentira oficializada, manipulada pelo governo e o Legislativo, num jogo de "barata-voa" com as denúncias, provas cabais, evidências solares, tudo diante dos olhos impotentes da opinião pública. E homens notáveis do país estão calados. Quando se manifestam isoladamente, são apenas suspiros esparsos, folhas de outono, lamentos doloridos...
Mudar é trair, para os tais "radicais" dos três tipos. Ninguém tem coragem de admitir a invencibilidade do capitalismo global, com benesses e horrores (como a vida). Ninguém abre mão da fé em utopias ridículas - o presente é chato, dá trabalho; preferem um futuro imaginário.
Não admitem que um "choque de capitalismo" seria a única bomba a arrebentar a casamata paralítica do Estado inchado, gastador e ineficiente, e que isso seria muito mais progressista que velhas ideias finalistas, esse "platonismo" de galinheiro sobre o "todo, o futuro, o ser, a história". Eles não abrem mão dessa "elegância" filosófica ridícula. Só pensam no que deveria ser e não enfrentam o que inexoravelmente é. Preferem a paz de suas apostilas encardidas. Há uma grande indigência teórica sobre o Brasil contemporâneo. Ignoram a estrutura colonial e preferem continuar com teses mortas.
O mito do messianismo é muito forte, com sua origem religiosa. Não entendem que o homem de "esquerda" de hoje tem que perder fé e esperança, e que o verdadeiro progressista tem de partir do não-sabido e inventar caminhos.
Só uma força plebiscitária poderá mover essa grande pizza envenenada.
Por isso, pergunto, como os antigos: quando haverá uma manifestação séria da opinião pública? Uma ação continuada de notáveis da República para impedir esse jogo de carniça entre os Três Poderes, essa vergonha que humilha o Brasil? Vamos continuar de braços cruzados?

Thursday, August 20, 2009

Caspar Friedrich


Chove? Nenhuma chuva cai...
Então onde é que eu sinto um dia
Em que o ruído da chuva atrai
A minha inútil agonia?

Onde é que chove, que eu o ouço?
Onde é que é triste, ó claro céu?
Eu quero sorrir-te e não posso,
Ó céu azul, chamar-te meu...

E o escuro ruído da chuva
É constante em meu pensamento.
Meu ser é a invisível curva
Traçada pelo som do vento...

E eis que ante o sol e o azul do dia,
Como se a hora me estorvasse,
Eu sofro... E a luz e a sua alegria
Cai aos meus pés como um disfarce.

Ah, na minha alma sempre chove.
Há sempre escuro dentro de mim.
Se escuto, alguém dentro de mim ouve
A chuva, como a voz de um fim...

Quando é que eu serei da tua cor,
Do teu plácido e azul encanto,
Ó claro dia exterior,
Ó céu mais útil que o meu pranto?


Fernando Pessoa, Cancioneiro


Almada Negreiros


Is it raining? No, there's no rain...
Then where do I feel there's a day
In which the sound of rain conveys
The weight of my useless pain?

Where is this rain I hear nonstop?
Where is it sad, o skies that shine?
I'd smile at you but I can not,
O sky of blue, nor call you mine...

And the sound of the rain is dark,
Constant in my imagining.
I am the invisible arc
Incised by the howling wind...

And now before the blue of day,
As if the hour turned a vise,
I suffer... What is light and gay
Falls to my feet as a disguise.

Oh, it rains always in my soul.
Inside of me there's always gloom.
I hear, and someone in me knows,
The sound of rain, a voice of doom...

When will I turn into your hue,
Your placidity, charm and cheer,
O luminous external blue,
Sky more useful than my tears?

tradução Jorge Pontual


Wednesday, June 24, 2009

Let the pain go away

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My interview with John Sarno about mindbody disorders like back pain, shoulder pain, etc
You just have to click on the link below to watch the video:
http://bit.ly/F4Pet

Things I learned from John Sarno:
1) I create chronic pain and other physical symptoms to avoid facing my emotional pain.
2) To be aware of that, every day, every moment, is the first step to alleviate my chronic pain.
3) Throughout my whole life, I filled up my unconscious reservoir of rage, resentment, fear, insecurity, shame, feeding an emotional pain  that my conscious mind tries to escape from, at all costs, to the point of creating "diseases".
4) New problems and stress can make this reservoir overflow.
5) I can change my attitude towards life and stop filling that reservoir.
6) To accept pain as natural and human, instead of fighting against it - or anesthetizing it - allows it to gradually go away.
7) It's useless to treat the physical symptoms with drugs, physical therapy, surgery, pain clinics, because my mind will keep creating new symptoms.
8) Accepting myself as I am, knowing myself better, sharing with others my deep emotions is the way. 
9) Eating well, exercising, stopping self-destructive habits like alcohol and drug abuse, smoking: chosing health. No more sickness.
10) Being grateful to be alive, helping others whenever possible, asking God for serenity to accept the things I cannot change and courage to change the things I can.

  1. Algumas coisas que aprendi com John Sarno:

    1 - Eu crio dores crônicas e outros sintomas físicos para não enfrentar a dor emocional.
    2 - Tomar consciência disso (a cada dia, cada momento) é o primeiro passo para aliviar a dor crônica.
    3 - Ao longo da vida fui enchendo meu reservatório inconsciente de mágoa, raiva, ressentimento, medo, insegurança, vergonha, alimentando uma dor emocional que a mente consciente evita enfrentar a qualquer preço, a ponto de fabricar “doenças”.
    4 - Novos dissabores e estresses podem fazer esse reservatório transbordar.
    5 - Eu posso mudar minha atitude diante da vida e parar de encher esse reservatório de mágoa.
    6 - Aceitar a dor como algo natural e humano, em vez de lutar contra ela - ou anestesiá-la - permite que ela aos poucos diminua e vá embora.
    7 - Não adianta tratar os sintomas fisicos com remédios, fisioterapias, cirurgias, clínicas da dor, porque minha mente vai continuar criando outros sintomas.
    8 - Me aceitar como eu sou, me conhecer melhor, dividir com os outros minhas emoções mais profundas é o caminho.
    9 - Boa alimentacão, exercício vigoroso e assíduo, parar com hábitos autodestrutivos como o abuso de álcool, drogas, cigarro, escolher a saúde. Chega de doença.
    10 - Ser grato por estar vivo, ajudar os outros no que for possível, pedir a Deus serenidade pra aceitar o que não posso mudar, e coragem para mudar o que posso.

Friday, January 23, 2009

Os pulos do gato, Anna Maria Ribeiro

Tem coisa mais bonita do que generosidade? Não estou me referindo a esmolas e outros que tais. Falo da que se revela quando pessoas especiais nos mostram os pulos do gato que dão certo na vida. E, como se isto já não bastasse, se orgulham de nós quando passamos a executá-los. E não ensinam formalmente, não! Ensinam sendo quem são. Não foram poucas as pessoas que em minha vida me agraciaram com esta arte de pular certo, na hora certa. Mas algumas se destacam. A primeira talvez até tivesse por obrigação me fazer pular: o Pai. Mas o fez tão bem que até hoje, passados mais de quarenta anos de sua morte, ainda escuto a voz: o pulo que serve agora é este. E sempre dá certo fazendo com que no pulo eu me transporte para lugares seguros ou adequados para resolver a situação de perigo, indecisão, medo ou tristeza em que me encontro. De Babá, nem se fala. A generosidade dela era especializada em coisas práticas, maneiras de ser. Analfabeta, era uma sábia e me ensinou entre outros o pulo de gostar de mim mesma. E olha que isto não é fácil. Gostar apesar de, gostar me aceitando como sou. Poucas horas antes de morrer, já muito velhinha me disse: “você tem mania de dar aos outros o que não sobra pra você. Coisa boba isto por que numa hora de raiva você acaba cobrando o que deu e isto é muito feio. Dá apenas o que não vai te fazer falta e ai vai ser bom, sabe? A pessoa vai ficar muito contente e você também.“ Acreditem, aprendi este pulo e nunca mais esqueci. Muito mais tarde veio o Gerente. O conheci quando era ele um importante analista do CPD do IBRA, no Rio de Janeiro e eu Assistente Geral do Centro de Cadastro e Tributação de Brasília do mesmo IBRA. Ele veio para uma reunião para implantação do Cadastro de Arrendatários e Parceiros. Por dever de anfitriã da cidade ainda tão jovem (1966) levei-o para dar a volta ao lago. E foi a partir daí que comecei a aprender uma quantidade espantosa de pulos com ele. E não parou mais. Transferimo-nos depois, em épocas diversas para o SERPRO, onde por anos foi meu chefe, ensinando pulos da maneira mais eficaz que se pode ensinar: sendo. O ser não se limitava ao técnico talentoso e mais que competente, ao contrário. Ia muito além chegando às paragens bem mais importantes em que pular certo é extremamente difícil neste País: ética, decência, honestidade, firmeza, clareza e que mais sei eu. Muito mais moço que eu, é o testemunho de que a idade maior do discípulo não influi na qualidade do aprendizado. Agora falo do Casal que nem mais é um. E se não mais é um pela formalidade o é pela generosidade que habita os dois num grau inimaginável. É tanta que acaba sobrando pra gente, nós amigos que éramos de um casal e agora somos de cada um. O que aprendi com eles neste particular é impagável e quisera eu chegar à perfeição que chegaram nesta generosidade incondicional que demonstram e que faz parte intrínseca de ambos e por isto a exercem como se fosse a coisa mais natural do mundo. Pulando com elegância e maestria. Tenho pra mim que nem percebem isto. Mesmo longe, hoje em dia, me ensinam. E, mais recente, vem o Mestre. Ou pelo menos assim o conheci quando resolvi levar a sério esta vontade de escrever que sempre me perseguiu. Fui pra lá como quem vai para uma aula. E me enganei. Para muito além da dramaturgia me foi mostrada a vida. Tanto que às vezes me confundia: está ele falando de dramaturgia ou de minha vida? Dono de uma cultura que extrapola a fronteira do assunto, me abriu um mundo. E tome pulo de gato me oferecido com a maior generosidade. Era um atrás do outro. Se algum mérito hoje me cabe nos escritos devo demais a ele. Senti-me um tanto órfã quando as aulas terminaram depois de uns quatro anos. Era tão bonito e não estou falando do assunto: era a forma, a maneira generosa de ensinar, esclarecendo tudo, não escamoteando nada. Ainda aprendo com ele em palestras e conversas e em almoços que por vezes programamos. Hoje é também um amigo. E mais outro: o Irmão, muito mais que irmão, um pai para meus filhos. Começou esta carreira paterna com apenas 16 anos como padrinho de meu filho mais velho que fazia dormir em seu quarto quando eu vinha ao Rio de férias. Um bebê apenas era Rogério. E até sua morte aos 21 anos, Padrinho, foi para ele sempre presente no sono e no acordar. As fraldas trocadas viraram palavras em conversas intermináveis mais que importantes, até que ele se foi. Meus outros dois filhos nunca se conformaram de também não serem afilhados. Tanto que lhe conferem até hoje este título, ignorando os reais titulares. Várias vezes me cobraram não serem afilhados de fato. E têm razão. Eu deveria ter dado a ele a exclusividade. No mais o Irmão, tão diferente de mim, ensina a mim e a todos que o conhecem o que é ser “bom”. Por que é isto que ele é. Talentoso como ele só, escreve (infinitamente melhor do que eu), conhece música e toca violão (também infinitamente melhor).

Não consegui me igualar a nenhum deles mas me tornei uma pessoa melhor do que seria se não houvessem existido. A mim falta a sabedoria do gato. Os pulos que aprendi não foram criação minha. E, os que hoje sou capaz de dar me foram ofertados pela generosidade imensa desta gente tão querida que tive e tenho como amigos. Sortuda eu, não?

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Anna Maria Ribeiro, a Amiga

Friday, January 16, 2009

Anthony and the Johnsons



Leonard Cohen's The Guests

me veio pelo amigo Edney Silvestre

Aquela nuvem

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Quando passou pelo Rio, em 1832, Charles Darwin, então com 23 anos, se encantou com aquela nuvenzinha permanentemente encarapitada no Corcovado

Charles Darwin, The Voyage of the Beagle

I was often interested by watching the clouds, which, rolling in from seaward, formed a bank just beneath the highest point of the Corcovado. This mountain, like most others, when thus partly veiled, appeared to rise to a far prouder elevation than its real height of 2300 feet. Mr. Daniell has observed, in his meteorological essays, that a cloud sometimes appears fixed on a mountain summit, while the wind continues to blow over it. The same phenomenon here presented a slightly different appearance. In this case the cloud was clearly seen to curl over, and rapidly pass by the summit, and yet was neither diminished nor increased in size. The sun was setting, and a gentle southerly breeze, striking against the southern side of the rock, mingled its current with the colder air above; and the vapour was thus condensed: but as the light wreaths of cloud passed over the ridge, and came within the influence of the warmer atmosphere of the northern sloping bank, they were immediately redissolved.

From Carmen, La Fleur que tu m'avais jetée, Placido



Great spanish tenor PLACIDO DOMINGO sings aria "La fleur que tu m´avais jetee" from Bizet´s opera Carmen.
Carmen - Teresa Berganza
Conductor: Pierre Dervaux
Orchestra and Chorus: Theatre national l´opera de Paris
May 14th, 1980

Don José
La fleur que tu m'avais jetée
dans ma prison m'était restée,
flétrie et sèche, cette fleur
gardait toujours sa douce odeur;
et pendant des heures entières,
sur mes yeux, fermant mes paupières,
de cette odeur je m'enivrais
et dans la nuit je te voyais!
Je me prenais à te maudire,
à te détester, à me dire:
pourquoi faut-il que le destin
l'ait mise là sur mon chemin!
Puis je m'accusais de blasphème,
et je ne sentais en moi-même,
je ne sentais qu'un seul désir,
un seul désir, un seul espoir:
te revoir, ô Carmen, oui, te revoir!
Car tu n'avais eu qu'à paraître,
qu'à jeter un regard sur moi,
pour t'emparer de tout mon être,
ô ma Carmen!
Et j'étais une chose à toi!
Carmen, je t'aime!

Carmen, dueto final



Anna Caterina Antonacci and Jonas Kaufmann, final duet from Carmen, London, ROH, 2006

Thursday, January 01, 2009

Le Petit Prince et le Buveur

La planète suivante était habitée par un buveur. Cette visite fut très courte, mais elle plongea le petit prince dans une grande mélancolie:

- Que fais-tu là ? dit-il au buveur, qu'il trouva installé en silence devant une collection de bouteilles vides et une collection de bouteilles pleines.

- Je bois, répondit le buveur, d'un air lugubre.

- Pourquoi bois-tu ? lui demanda le petit prince.

- Pour oublier, répondit le buveur.

- Pour oublier quoi ? s'enquit le petit prince qui déjà le plaignait.

- Pour oublier que j'ai honte, avoua le buveur en baissant la tête.

- Honte de quoi ? s'informa le petit prince qui désirait le secourir.

- Honte de boire ! acheva le buveur qui s'enferma définitivement dans le silence.

Et le petit prince s'en fut, perplexe.

Les grandes personnes sont décidément très très bizarres, se disait-il en lui-même durant le voyage.



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'What are you doing here?' he said to the drunkard whom he found sitting silently in front of a collection of bottles, some empty and some full.

'I am drinking,' answered the drunkard lugubriously.

'Why are you drinking?' the little prince asked.

'In order to forget,' replied the drunkard.

'To forget what?' enquired the little prince, who was already feeling sorry for him.

'To forget that I am ashamed,' the drunkard confessed, hanging his head.

'Ashamed of what?' asked the little prince who wanted to help him.

'Ashamed of drinking!' concluded the drunkard, withdrawing into total silence.

And the little prince went away, puzzled.

'Grown-ups really are very, very odd,' he said to himself as he continued his journey.