Sunday, January 27, 2008

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Genial, uma maravilha o musical Sunday in the Park with George de Stephen Sondheim que acaba de estrear na Broadway.
Inteligente, arrebatador, delicado e visualmente mágico, um espetáculo intimista, minimalista e de grande emoção.
A montagem vem de Londres onde levou os principais prêmios em 2006. Na Broadway, a primeira versão, de 1984, ficou pouco mais de um ano em cartaz. Tomara que esta dure mais. Não é para o público de cavalos-de-batalha como Fantasma da Ópera e Mamma Mia. Os musicais de Sondheim são sofisticadíssimos e exigentes. É preciso pensar. E a música é difícil, não se entrega de cara. Tem que ser degustada. Infelizmente, quando Sondheim estava no auge a Broadway foi invadida pelos megadigestivos indigestos de Andrew Lloyd Weber e Disney e as pérolas de Sondheim ficaram relegadas. Mas estão sempre sendo redescobertas.
Recentemente, Sondheim, que está com 77 anos, teve uma de suas obras-primas, Sweeney Todd, brilhantemente adaptada para o cinema por Tim Burton (imperdível).
Na carreira de Sondheim, que começou com as letras de West Side Sory, com música de Leonard Bernstein, Sunday in the Park with George, que ganhou o Pulitzer, talvez seja o ponto mais alto.
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O musical gira em torno do quadro Domingo à Tarde na ilha da Grande Jatte de Georges Seurat (1884). No primeiro ato, os personagens são o pintor e os personagens da tela. No segundo, nos dias de hoje, um americano descendente de Seurat, também chamado George, se vê perdido no mundo da arte contemporânea e vai a Paris em busca do segredo da arte de Seurat.
No pequeno palco do teatro do Studio 54, o cenário se limita a três paredes brancas. Tudo é projetado nelas, a começar pela Grande Jatte à medida que vai sendo pintada. Não dá para descrever a magia que acontece no palco.
Os ingleses Daniel Evans e Jenna Russell, ganhadores do Olivier em Londres em 2006, estão entre os melhores que já vi na Broadway. Jenna Russell terminou o espetáculo às lágrimas, aplaudida de pé.
Seurat inventou o pontilhismo. Inspirado pelos avanços da óptica, em vez de misturar as tintas ele pintava pequenos pontos nas três cores primárias. A variedade das cores vistas na tela só existe na percepção de quem vê. Ele morreu com apenas 31 anos e deixou poucas telas mas abriu o movimento pós-impressionista que levou à arte moderna do século XX.
Sondheim mergulha na experiência criativa do artista, no conflito do criador com a sociedade e a família, e os dois Georges se redimem na fidelidade à arte, entendida como a busca da harmonia. A partitura é ousada, experimental, uma versão musical do pontilhismo.
Aqui vai o número Color and Light do primeiro ato com Daniel Evans e Jenna Russell.
No segundo ato, Marie, filha (fictícia) de Seurat nascida nos Estados Unidos, avó do artista George, conta para o neto que o melhor que a gente deixa para o mundo são as crianças e a arte: Children and Art. De novo com Jenna Russel e Daniel Evans.
Daniel Evans e Jenna Russell

3 comments:

Iza said...

Super Bom poder viajar pelo menos na suas palavras
bjos

Anonymous said...

invejável.

Obrigado pelos dois números!

uma excelente palhinha.

um abraço e bom carnaval,
Nando

Anonymous said...

Que fantástico, Jorge. Bom texto, e pena a peça saiu de cartaz... Vou conferir os videos. Abçs.