Saturday, July 16, 2005

Guerra e inferno

Otto Dix, A Guerra

Acabo de ver a exposição Guerra e Inferno na Neue Galerie aqui perto de casa. É apenas uma sala pequena mas leva a gente ao inferno da Grande Guerra, 1914-18, o primeiro dos muitos horrores do século XX.
São gravuras de Max Beckmann, Die Hölle (inferno em alemão é feminino) e Otto Dix, Der Krieg (guerra é masculino).
É parte do movimento que entrou para a história como o Expressionismo alemão, obras que mais tarde Hitler mandou queimar como "arte degenerada".
Na série de Beckmann vê-se a Alemanha do fim da primeira guerra, com os comunistas nas ruas tentando fazer a revolução, logo esmagada. Uma das gravuras mostra o assassinato de Rosa Luxemburgo. Outra, a vitória dos valores da ideologia dominante: família e pátria. O Inferno ironiza a aliança da burguesia e dos militares para esmagar a revolução. Beckmann se exilou nos Estados Unidos e morreu em New York em 1950.

Max Beckmann, O Inferno

Na série A Guerra, Otto Dix retrata os horrores da linha de frente onde passou quatro anos como soldado. Tem o mesmo impacto dos Desastres da Guerra de Goya. Talvez ainda maior, quando se percebe que Dix desenha o que vê, sem nenhum exagero. Olha na cara o horror da morte, com ironia. A juventude européia partiu eufórica para a guerra, enaltecida como força de progresso e renovação. Poucos tiveram a coragem de mostrar o que a guerra realmente é. Por isso Dix e Beckmann foram perseguidos pelos nazistas e tiveram suas obras destruídas.

Otto Dix, A Guerra

A Neue Galerie se dedica à arte da Áustria e da Alemanha na primeira metade do século XX. Tem quadros belíssimos de Gustav Klimt, Egon Schiele, Oskar Kokoschka e Paul Klee, móveis e objetos de Joseph Hoffman.

Gustav Klimt, Campo de papoulas

É dos dos períodos mais férteis da cultura européia: Freud, Thomas Mann, Schönberg, os pintores expressionistas, e mais tarde Brecht, Kurt Weill, os diretores de cinema que emigraram para Hollywood - Murnau, Fritz Lang, Lubitsch, Billy Wilder.

Para ouvir:

Kurt Weill, Tango-Balada da Ópera dos Trens Vinténs, London Sinfonietta

Ute Lemper, Alabama Song, Brecht/Weill

Teresa Stratas, Surabaya Johnny, Brecht/Weill

Arnold Schönberg, Noite Transfigurada, Adagio, Herbert Karajan, Filarmônica de Berlim

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