Tuesday, January 24, 2006
desenho representando a Grande Sinagoga de Bagdá, hoje destruída
Encontrei informações interessantes sobre os judeus de Bagdá. Conheço alguns que vivem aqui e a história deles não é muito conhecida. Seguem alguns trechos:
Uma das mais antigas comunidades judaicas é a do Iraque. Em 722 A.C. as tribos do norte de Israel foram derrotadas pelos Assírios e alguns judeus foram levados para onde é hoje o Iraque. Uma comunidade maior se estabeleceu em 586 A.C. quando os babilônios conquistaram as tribos do sul de Israel e escravizaram os judeus. Estes se distinguem dos sefaradim (judeus espanhóis e portugueses) e se denominam Baylim (babilônios). Com o passar dos séculos a região recebeu mais judeus, entre eles os sábios que escreveram o Talmud entre 500 e 700 A.D.
No início do século XX, os judeus eram um terço da população de Bagdá. O Iraque se tornou independente em 1932. Como os judeus formavam a classe média mais educada do país, desde o início eles participaram da administração do Iraque. O primeiro ministro das finanças do Iraque, Yehezkel Sasson, era um judeu. Os judeus tiveram grande participação na criação do sistema judiciário e do sistema postal.
Mas aos poucos começou a perseguição aos judeus. Em junho de 1941, Rashid Ali Gilani deu um golpe contra o regente (o rei tinha quatro anos) e tomou o poder. Gilani era aliado do líder palestino, o Grande Mufti de Jerusalém, e da Alemanha nazista. Multidões de árabes, com a cumplicidade da polícia e do exército, mataram 180 judeus e feriram 1 mil. O massacre só foi interrompido quando o exército britânico ocupou Bagdá e Rashid Ali fugiu para a Arábia Saudita. Mas a trégua para os judeus iraquianos terminou em 1947, com a partilha da Palestina e a invasão de Israel por cinco exércitos árabes, inclusive o iraquiano. Os ataques aos judeus iraquianos aumentaram durante a guerra de independência de Israel, entre 1947 e 1949. Em 1948, o sionismo tornou-se crime no Iraque, punido com a pena de morte.
Em 1950, o Iraque permitiu que os judeus deixassem o país, contanto que abrissem mão da cidadania iraquiana. Entre 1949 e 1951, 104 mil judeus deixaram o Iraque, para Israel e outros países. Eles tiveram que vender todas as suas propriedades antes de deixar o Iraque.
Em 1952, o governo do Iraque proibiu a emigração de judeus. Dois judeus foram enforcados, acusados falsamente de terrorismo.
Com o início do regime baathista, em 1963, os judeus remanescentes foram obrigados a usar cartões de identificação amarelos. Todas as propriedades de judeus foram confiscadas, as contas bancárias congeladas, e judeus foram proibidos de exercer cargos públicos e de possuirem telefones. Muitos foram confinados em prisão domiciliar.
Em 1968, dezenas de judeus foram presos sob a acusação de serem espiões. Onze foram enforcados em praças públicas de Bagdá. Outros morreram na tortura. Em 27 de janeiro de 1969, a rádio Bagdá convocou a população a "participar da festa". Meio milhão de pessoas desfilaram e dançaram sob os corpos dos judeus enforcados gritando "morte a Israel", "morte aos traidores". Diante dos protestos em outros países, o governo iraquiano alegou que "os judeus crucificaram Cristo". Tudo isso aconteceu antes que Saddam Hussein tomasse o poder.
Diante da pressão internacional, o governo de Bagdá permitiu que os judeus restantes emigrassem para Israel. Hoje, calcula-se que menos de 30 judeus ainda vivam em Bagdá, velhos demais para emigrar.
Cerca de 2 700 anos depois de estabelecida, uma das mais importantes comunidades da história judaica foi extinta.
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