O livro apócrifo, Protocolos dos Sábios do Sião é uma fraude feita na Rússia pela Okhrana (polícia secreta do Czar Nicolau II), que culpa os judeus pelos males do país. Foi publicado privadamente em 1897 e tornado público em 1905, por Serguei Nilus em seu livro "Velikoe v Malom" (Os Grandes e Os Pequenos). É copiado de uma novela do século XIX (Biarritz, 1868) e afirma que uma cabala secreta judaica conspira para conquistar o mundo.
A base da história foi criada por um novelista alemão anti-semita chamado Hermann Goedsche que usou o pseudônimo de Sir John Retcliffe. Goedsche roubou a idéia de um outro escritor, Maurice Joly, cujos "Diálogos no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu" (1864) envolviam uma conspiração dos Infernos contra Napoleão III. A contribuição original de Goedsche consistiu na introdução dos judeus como os conspiradores para a conquista do mundo.
O Império Russo usou partes da tradução Russa da novela de Goedsche, publicando-as separadamente como os Protocolos, e afirmando serem atas autênticas de reuniões secretas de Judeus.
O seu propósito era político: reforçar a posição do Czar Nicolau II apresentando os seus oponentes como aliados de uma gigantesca conspiração para a conquista do mundo. O Czar já via no Manifesto Comunista de Marx e Engels, de 1848, uma ameaça. Como Marx era judeu de nascimento, apesar de não seguir a religião e pregar por um regime político onde a religião seria banida, a "ameaça judaica poderia ser fundamentada"
Os Protocolos são uma fraude de uma ficção plagiada. Os Protocolos foram denunciados como fraude em 1921 por Philip Grave, um correspondente do London Times; por Herman Bernstein em "The Truth About The Protocols of Zion: A Complete Exposure" (Ktav Publishing House, New York, 1971); e Lucien Wolf em "The Jewish Bogey and the Forged Protocols of the Learned Elders of Zion" (London: Press Committee of the Jewish Board of Deputies, 1920).
Os Protocolos foram publicados nos EUA num jornal de Michigan cujo proprietário era Henry Ford (o criador dos carros Ford), ele mesmo autor de um livro tremendamente anti-semita chamado de O Judeu Internacional. Mesmo após a sua denúncia como fraude, o jornal continuou a citar o documento. Adolf Hitler e seu Ministério da Propaganda usaram os Protocolos para justificar a necessidade do extermínio de judeus, mais de 10 anos antes da Segunda Guerra Mundial.
Segundo a retórica nazista, a conquista do mundo pelos Judeus, descoberta pelos russos em 1897, estava sendo levada a cabo 33 anos depois.
Os Protocolos continuam a enganar pessoas e ainda são citados por indivíduos e grupos racistas, supremacistas brancos, nazistas e neo-nazistas como a causa dos males dos povos, quer estejam sob governos democráticos, ditatoriais, de esquerda, de direita, teocráticos ou qualquer outro regime.
Os Protocolos estão publicados em várias línguas, inclusive português, espanhol, inglês, russo, outras línguas da Europa Oriental, árabe e línguas asiáticas etc. Enquanto Hitler os usou para "provar" que os judeus eram culpados pela Revolução Comunista na Rússia em 1917, os neo-nazis russos e nacionalistas-comunistas russos os usam, hoje, para provar que os judeus são os responsáveis pela queda do Comunismo e pela democratização do país.
O texto falso, a fraude feita por um governo imperial decadente e cruel com seu próprio povo, é tão convincente que 104 anos depois ainda é apresentado como uma das maiores revelações que todo bom racista deve conhecer.
No Brasil
No Brasil são inúmeras as publicações dos Protocolos dos Sábios de Sião. A tradução que deu origem a todas elas é a da edição comentada do historiador laureado e membro e presidente da Academia Brasileira de Letras Gustavo Dodt Barroso (1888-1959). Entre outras coisas foi um dos ideólogos do Integralismo, que tenta se mostrar "não anti-semita", mas enxergando o mundo pelas letras de Gustavo Barroso em livros como: Brasil - Colônia de banqueiros (1934); História secreta do Brasil, 3 vols. (1936, 1937 e 1938) e Os protocolos dos sábios de Sião (1936). Nos últimos 25 anos, tais livros têm sido publicados pela Editora Revisão de Siegfried Elwanger "Castan" e podem ser encontrados para venda na Internet e em diversas livrarias e feiras de livros. Algumas outras editoras publicaram os Protocolos, inclusive com propagandas de venda como em 2000 no Rio de Janeiro.
Pela lei brasileira, os Protocolos não são proibidos, pois não fazem apologia ao nazismo, tendo sido escritos quase 30 anos antes do surgimento da ideologia nazista. Os Protocolos formam a base do conceito de Hitler para a perseguição dos judeus, mas em momento algum falam contra os judeus. A edição comentada por Gustavo Barroso é legal. As diversas edições sem os dados do editor e gráfica ou autor, são ilegais em em relação a "Lei de Imprensa" brasileira. Os Protocolos são indicados como leitura obrigatória em sites de grupos separatistas, nazistas, nacionalistas, do Poder Branco, KKK e até mesmo do MV - Movimento Pela Valorização da Língua Portuguesa.
O texto acima faz parte do blog Midia Judaica Independente uma excelente fonte de informações sobre o anti-semitismo (exemplo: o discurso que Hugo Chavez fez neste último Natal, o qual contem o seguinte trecho, claramente inspirado nos Protocolos, com uma retórica que parece copiada de Hitler: "Umas minorias, os descendentes dos mesmos que crucificaram Cristo, dos mesmos que derrubaram Bolivar aqui... uma minoria que se apoderou das riquezas do mundo, uma minoria que se apoderou do ouro do planeta, do dinheiro, dos minerais, das águas, das terras boas, do petróleo, das riquezas, pois, e concentraram as riquezas em poucas mãos") .
Uma observação importante feita nesse blog: o livro dos Protocolos não deve ser proibido, e sim lido por todos, com o conhecimento de suas origens e influência na História, para que sejam estudados os argumentos do anti-semitismo - e assim possamos reconhecê-los no discurso de políticos fascistas como Hugo Chavez e outros.
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