Wednesday, March 01, 2006

Money Baby Computer

DINHEIRO NÃO COMPRA FELICIDADE MAS FELICIDADE TAMBÉM NÃO COMPRA DINHEIRO
Groucho Marx

Minha cunhada Luanda avisa que leu numa revista feminina que a felicidade é genética. Por isso, diz ela, todas as Cozettis (ela, a mãe Wanda, a irmã que é minha mulher Angela, a filha Luiza, e nossa filha Teresa) são felizes, não importa o que aconteça, por maior que seja a desgraça - Wanda foi torturada pelos agentes da ditadura por mais de 40 dias e sofreu entre outras sequelas uma dor de cabeça terrível até morrer no ano passado, sem ter recebido a pensão da anistia nem um tostão de indenização. E morreu feliz.

Felicidade, no caso das Cozettis, é que nenhuma delas se faz de vítima nem reclama da vida. São fortes, além de felizes. E ainda por cima fazem a felicidade de quem tem a sorte de conviver com elas. Está nos genes, diz a Luanda. Ela me pediu para dar uma olhada nessa e noutras pesquisas. Li uma tonelada de estudos recentes, os mais contraditórios. É uma indústria, não só a pesquisa do que é a felicidade como a venda de livros para ensinar as pessoas a serem felizes. Então lá vai o resultado da pesquisa:

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David Lykken, psicólogo da Universidade de Minnesota:
A felicidade é genética. Estudando pares de gêmeos, criados separados em situações muito diferentes, descobriu que quando um gêmeo se considera feliz, o outro também o é. Ou seja, nasceram felizes. No início, Lykken argumentou que não adianta tentar ser mais feliz do que você nasceu pra ser. Seria o mesmo, escreveu, do que dormir sobre uma pilha de livros para melhorar o QI.
Depois, diante das críticas que sofreu por ser tão determinista, Lykken atenuou sua posição. No livro Felicidade: a Nahttp://nyontime.blogspot.com/2006/03/caf-do-brasil-publicado-or-hildergard.htmltureza e a Cultivação da Alegria e do Contentamento, afirma que só metade da disposição da pessoa para ser feliz se deve aos genes. A outra metade pode ser cultivada. "A felicidade é influenciada pelos genes mas não é fixa". Uma das conclusões cruciais de Lykken: não são os fatores externos que tornam as pessoas mais felizes - mais dinheiro, melhor aparência, mais sexo, etc - e sim mudanças internas. Ele sugere uma exame de consciência para que a pessoa descubra que coisas interferem mais com sua felicidade, atitudes que a própria pessoa toma que a tornam mais infeliz, e achar jeitos de usar o seu tempo de forma mais útil e agradável. Abraham Lincoln disse tudo: "As pessoas são felizes quando decidem se tornar felizes".

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Marc Caron, Duke University:
Um defeito em um único gene explica a infelicidade. A serotonina é um dos neurotransmissores cuja presença no cérebro é associada ao sentimento de bem-estar, de felicidade. Marc Caron descobriu que uma variação em um só gene em camundongons de laboratório reduz o nível de serotonina entre 50 a 70%. Os ratinhos deprimem. Os pesquisadores estão agora estudando genes humanos para ver se há uma equivalência. Acreditam que nos seres humanos o número de genes envolvidos seja maior.

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Martin Seligman, diretor do Centro de Psicologia Positiva da Universidade da Pensilvânia, presidente da Associação de Psicologia Americana e lançador do movimento Feclidade Autêntica, com 400 mil membros em todo o mundo:
Ele não concorda que a felicidade seja genética, acredita que qualquer pessoa possa ser treinada a se tornar feliz. Para ele, a infelicidade, a depressão é que são genéticas, e é preciso ensinar o cérebro a driblar esse bode natural. O treinamento inclui exercícios como fazer diariamente uma lista das coisas boas que lhe aconteceram, explicando o que você fez para que elas acontecessem; fazer listas e análises dos seus 24 traços de caráter mais positivos e das suas maiores virtudes, dando exemplos; ajudar os outros e exercer a gratidão, escrevendo cartas para pessoas que foram importantes positivamente para você, e lendo-as pessoalmente para o destinatário. Seligman e seus seguidores acreditam que Freu e seus seguidores, todos os psicoterapeutas, tornam o mundo mais infeliz ao focalizarem nos problemas, nas dificuldades, nas neuroses, em vez do lado positivo. Os críticos chamam a Psicologia Positica de pseudociência, ou "terapia da Mary Poppins".

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Ruut Venthoven, Universidade Erasmus de Rotterman, chamado de "o único professor de felicidade do mundo", mantem o website World Database of Happiness, onde podem ser lidos todos os estudos publicados no assunto no mundo (menos os de Seligman e seguidores):
Este holandês não dá muita importância à relação entre genética e felicidade. "Tem gente que acredita que a felicidade é 60% hereditária, mas eu acredito que sejam no máximo 20%", ele diz. Mas a predisposição pessoal à felicidade começa cedo: "Quem é infeliz aos 20 anos tende a morrer infeliz aos 60". Mas entre os 30 e os 50 anos, pessoas que eram felizes tendem a se sentir mais infelizes. É natural, porque neste período se acumulam as responsabilidades com os filhos, dificuldades profissionais e financeiras, etc.
A definição de Veernhoven para a felicidade é simples: " É o quanto as pessoas gostam da vida que leva". Elas sabem, mesmo que não comsigam explicar porque. Heteresoxuais são mais felizes do que homosexuais (tudo isso é baseado num banco de dados de milhares de pesquisas em todo o mundo). Mulheres são tão felizes (ou infelizes) quanto os homens. Pessoas casadas são mais felizes do que as solteiras. Jornalistas freelancesrs (eu!) são mais felizes do que os jornalistas empregados. De modo geral quem não tem um patrão é mais feliz, mesmo que isso signifique trabalhar mais e ganhar menos.
Os mais inteligentes não são mais felizes do que os de baixo QI. Quem assiste mais de três horas de TV por dia - especialmente novelas - é mais infeliz do que quem não assiste. Ter filhos não faz as pessoas mais felizes, e pode fazê-las até mais infelizes.
Veenhoven desenvolveu métodos para comparar os níveis de felicidade em diferentes países. São dados sobre 120 países, acumulados há mais de 20 anos. No momento, estes são os países as pessoas se dizem mais felizes:
Dinamarca e Suíca, empatados em primeiro com nota 8,2 num máximo de 10 pontos
Colômbia, 8,1
Islândia e Áustria, 7,8
Finlândia, México e Austrália, 7,7
Canadá, Guatemala, Irlanda, Luxemburgo, Noruega, 7,6
Holanda e Malta, 7,5
Nova Zelândia e Estados Unidos, 7,4
Bélgica, 7,3
El Salvador, Honduras e Alemanha, 7,2
Grã Bretanha, 7,1
Espanha, 70.
Com 6,8, o Brasil é o 23% país da lista dos mais felizes, empatado com a Argentina.
Se os colombianos estão em segundo, e os salvadorenhos e hondurenhos empatados com os alemães, está provado que ser rico não traz felicidade.
Os mais infelizes, com notas ente 3 e 4, são Armênia, Ucrania, Moldova, Zimbabwe e Tanzania. Países como Iraque e Cuba não entraram na pesquisa.

Outros estudos:
Peter Ubel, psicológo da University of Michigan: Pessoas com doenças e deficiências físicas graves são tão felizes quanto as outras. Os participantes - de um lado os doentes, do outro o grupo de controle - usavam um computador de mão e a cada vez que o aparelho apitava respondiam como estavam se sentindo emocionalmente. Um dado curioso: os pacientes saudáveis não se lembravam, mais tarde, dos momentos em que se sentiram felizes. Mas os doentes lembravam.

Richard Walker, Winston-Salem State University: As pessoas tendem a achar que levaram uma vida feliz porque lembram muito melhor os fatos positivos do que os negativos. Foram entrevistadas 229 pessoas e apenas 17 contaram mais fatos negativos do que positivos. A conclusão é que nosso mecanismo de memória é programado para reduzir a carga emocional das lembranças ruins. Mas nas pesoas com depressão esse efeito não existe, elas lembram igualmente os fatos negativos e positivos. Os pesquisadores destacam que o efeito observado não é o recalque, a amnésia das experiências negativas, descrito por Freud. Os participantes lembravam-se das experiências negativas, mas tendiam a minimizá-las.

Paul Whiteley, diretor do programa de pesquisa de democracia e participação, Grã Bretanha: As pessoas que se dizem mais felizes vivem em comunidades onde o número de voluntários que trabalham em projetos comunitários é maior. Nas mesmas comunidades, a taxa de criminalidade é menor. O fato de a comunidade ser mais rica ou mais pobre não faz diferença. Na Inglaterra, 51% dos cidadãos trabalham em projetos comunitários como voluntários.

Andrew Oswald, Jonathan Gardner, economistas da Universidade de Warwick: A felicidade de uma pessoas com seu emprego não depende do salário e sim do poder que exerce. Testando quase 17 mil pessoas, descobriram que oferecer posições hierárquicas mais altas, mesmo com salários mais baixos, deixa as pessoas mais felizes do que oferecer maior remuneração. A felicidade causada por um cargo de chefia qualquer é 60% maior do que a trazida por um considerável aumento de salário.

Glenn Firebaugh, Pennsylvania State University: O dinheiro não traz felicidade. O que traz felicidade é ganhar mais do que seus colegas, as pessoas da sua faixa etária e nível social. Do mesmo modo, a infelicidade cresce entre aqueles que ganham menos que os seus pares. A renda relativa é o que importa, não a renda absoluta. Resultado: "Os indíviduos se esforçam para ganhar cada vez mais, para consumir e ostentar mais que os outros, o que inclui o aspecto físico, a aparência saudável e jovem, porque precisam disso para manter seu nível de felicidade, por consumirem e ostentarem mais que os colegas, amigos e vizinhos". É uma escalada difícil de vencer, porque os outros estão fazendo a mesma coisa. Para os perdedores, a maioria, os efeitos psicológicos - infelicidade, depressão - são devastadores.

Brandon Wilcox, Seven Nock, sociológos da Universidade da Virginia - Mulheres mais tradicionais são mais felizes no casamento. Aquelas que cujos maridos ganham mais de 68% da renda familiar, que não trabalham fora de casa e que acham que a função da mulher é cuidar da casa e da família são mais felizes do que as outras. Os autores descobriram que até as mulheres de idéias mais avançadas, aqueles que acham que o homem e a mulher devem ganhar igual e dividir as tarefas domésticas, são mais felizes quando na verdade é o marido quem ganha mais e elas não trabalham fora de casa.

Pew Reasearch Center: No mais recente estudo sobre a felicidade dos americanos, 34% se dizem muito felizes, 50% se acham bastante felizes e 15% não muito felizes. Estes números se mantêm há décadas. Mas a grande novidade da pesquisa é que ela derruba a velha máxima (pelo menos nos Estados Unidos, um país que se considerava igualitário), de que o dinheiro não traz felicidade. Metade das famílias que ganham acima de 100 mil dólares por mês se consideram muito felizes, contra apenas 34% das que ganham menos de 30 mil. Algumas outras constatações da pesquisa; quem vai à igreja é mais feliz do que quem não vai; casados são mais felizes do que solteiros; os ricos mais felizes do que os pobres; os republicanos mais felizes do que os democratas (afinal, são mais ricos); brancos e hispânicos mais felizes do que os negros.
E tem mais: ter filhos não traz mais felicidade do que não ter. Possuir animais domésticos também não. E os aposentados não são mais felizes do que quem trabalha.

1 comment:

Anonymous said...

Jorge Pontual,
Meu nome é Aurelio Michiles, moro em São Paulo e através da tua excelente Pagina Web re-encontrei com a Angela, uma amiga desde os tempos que moravamos em Brasilia. Por favor, caso seja possivel, repasse meu contato:
auryed@unisys.com.br
grazie