Wednesday, October 19, 2005
Wilma é o furacão mais intenso já registrado no Atlântico, categoria cinco, a mais forte. Não se sabe ainda onde o olho do furacão vai bater em terra firme, mas todo o Caribe, de Cuba e a Flórida à costa do México e da América Central, está em alerta, com previsão de chuvas torrenciais.
Ao mesmo tempo, anuncia-se que este setembro foi o mais quente jamais registrado no planeta desde que as temperaturas começaram a ser medidas. Nos Estados Unidos, apesar dos furacões, o setembro mais quente e seco jamais registrado.
Parece óbvio que o efeito estufa causado pela queima de combustíveis fósseis - petróleo, gás, carvão - já está causando um desastroso aquecimento da atmosfera. A maior intensidade dos furacões é uma das consequências previstas pelos climatologistas. Intensificação de secas, enchentes e outros fenômenos extremos, também.
Mesmo que a humanidade tome consciência e comece a tomar providências, os gases que provocam o efeito estufa, já lançados na atmosfera, vão provocar mais aquecimento pelas próximas décadas. O que se fizer agora - cortar o consumo de gasolina, carvão, petróleo, acabar com as queimadas nas florestas, etc - só terá efeito daqui a 50 anos.
Ano passado gravei um Milênio para a Globo News com Lester Brown, o mais conhecido ambientalista dos Estados Unidos. Ele acredita que o efeito da mudança climática na economia vai levar o mundo industrializado, e os países em desenvolvimento acelerado, como a China, a mudar de modelo energético, porque o atual é insustentável.
Segundo ele o primeiro efeito será, ou já está sendo, a falta de água para a agricultura, o que encarecerá rapidamente o preço dos alimentos. Os lençóis dágua nos Estados Unidos e na China, dois dos maiores produtores de alimentos do mundo, já estão secando. No Brasil, abençoado pelas maiores bacias fluviais do planeta, estamos tendo a pior seca na Amazônia nos últimos 40 anos.
Lester Brown é um optimista, como se escreve em Portugal, mas onde está a liderança política com visão de longo prazo para convencer os países desenvolvidos, e os emergentes, a fazer sacrifícios e mudar radicalmente seu estilo de vida, ou desistir de copiar o modelo ocidental?
Nem aqui nos Estados Unidos, onde o governo está a serviço do setor energético, nem no Brasil, onde tanto se esperava do PT, e onde nada mudou, muito menos na China, que em breve vai tomar o lugar dos Estados Unidos como maior emissor dos gases que causam o efeito estufa, nada indica que essa vontade política venha a surgir.
Será que vamos continuar assistindo impotentes a estes desastres naturais cada vez mais letais, como se fossem obra do destino ou de Deus, sem tomar consciência de que são o preço do nosso conforto, dos nossos carros, aparelhos de ar condicionado, consumo desenfreado, crescimento populacional e econômico sem limites?
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