Saturday, August 06, 2005

Bioluminescence, fractal criado por Wayne Boucon

Seres que brilham no escuro. Ninguém esquece a primeira vez que viu vagalumes. Ou, no mar, os plânctons que emitem uma luz esverdeada quando a água é agitada. No meu caso foi vendo brilhar a espuma na esteira da barca que nos trazia à noite de Paquetá para o Rio.
O livro Acquainted with the Night de Christopher Dewdney está cheio de momentos mágicos, mas o meu favorito é esta citação do filho de Lawrence Durrell, Gerald, onde ele conta sua infância na ilha grega de Corfu:

"Primeiro eram só dois ou três vagalumes flutuando entre as árvores, piscando. Mas aos poucos mais e mais apareceram, até que os olivais ficaram iluminados por um estranho brilho verde. Nunca tínhamso visto tantos vagalumes juntos num lugar só; eles voavam pelas árvores em enxames e cobriam os galhos das oliveiras. Aí, correntes brilhantes de vagalumes voaram sobre a baía, rodopiando sobre a água, e foi então que os botos entraram na baía nadando em fila, balançando de um lado para o outro, os dorsos brilhando como se fossem pintados por tinta fosforecente. No centro da baía eles nadaram em círculo, mergulhando e saltando no ar numa explosão de luz. Com os vagalumes voando em cima e os botos iluminados em baixo, era uma visão fantástica. Podíamos ver as trilhas luminosas dos botos fazendo desenhos brilhantes no fundo do mar, e quando eles saltavam e as gotas de água cor de esmeralda se espalhavam no ar, essa luz se confundia com a fosforescência dos vagalumes. Assistimos a esse espetáculo durante uma hora. Aos poucos os vagalumes voaram de volta aos olivais e os botos partiram para o alto mar, e a baía voltou à escuridão da noite".
Gerald Durrel, Minha Família e Outros Animais


Bioglyph, arte com bactérias bioluminescentes

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