
Nos morros verdes do Rio
Há uma mancha a se espalhar:
São os pobres que vêm pro Rio
E não têm como voltar.
São milhares, são milhões,
São aves de arribação,
Que constróem ninhos frágeis
De madeira e papelão.
Parecem tão leves que um sopro
Os faria desabar
Porém grudam feito líquens
Sempre a se multiplicar,
Pois cada vez vem mais gente.
Tem o morro da Macumba,
Tem o morro da Galinha,
E o morro da Catacumba;
Tem o morro do Querosene,
O Esqueleto, o do Noronha,
Tem o morro do Pasmado
E o morro da Babilônia.
Assim começa, na tradução de Paulo Henriques Britto, o poema O Ladrão da Babilônia de Elizabeth Bishop. Leitura obrigatória, agora que as favelas do Rio voltam a viver a tragédia cotidiana que Bishop retratou com tanta precisão há... 42 anos.
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