Saturday, June 25, 2005

Triste andarilha

Toulouse Lautrec, Montrouge

ouça o poema cantado por Léo Ferré

Charles Baudelaire, tradução Jorge Pontual

Moesta et errabunda

Dis-moi, ton coeur parfois s'envole-t-il, Agathe,
Loin du noir océan de l'immonde cité,
Vers un autre océan où la splendeur éclate,
Bleu, clair, profond, ainsi que la virginité?
Dis-moi, ton coeur parfois s'envole-t-il, Agathe?

La mer, la vaste mer, console nos labeurs!
Quel démon a doté la mer, rauque chanteuse
Qu'accompagne l'immense orgue des vents grondeurs,
De cette fonction sublime de berceuse?
La mer, la vaste mer, console nos labeurs!

Emporte-moi, wagon! enlève-moi, frégate!
Loin! loin! ici la boue est faite de nos pleurs!
-- Est-il vrai que parfois le triste coeur d'Agathe
Dise: Loin des remords, des crimes, des douleurs,
Emporte-moi, wagon, enlève-moi, frégate?

Comme vous êtes loin, paradis parfumé,
Où sous un clair azur tout n'est qu'amour et joie,
Où tout ce que l'on aime est digne d'être aimé,
Où dans la volupté pure le coeur se noie!
Comme vous êtes loin, paradis parfumé!

Mais le vert paradis des amours enfantines,
Les courses, les chansons, les baisers, les bouquets,
Les violons vibrant derrière les collines,
Avec les brocs de vin, le soir, dans les bosquets,
-- Mais le vert paradis des amours enfantines,

L'innocent paradis, plein de plaisirs furtifs,
Est-il déjà plus loin que l'Inde et que la Chine?
Peut-on le rappeler avec des cris plaintifs,
Et l'animer encor d'une voix argentine,
L'innocent paradis plein de plaisirs furtifs?


Triste andarilha

Teu coração, Ágata, costuma voar?
Longe do negro mar da imunda cidade,
Para um outro oceano de esplendor sem par,
Azul, claro, profundo como a virgindade,
Teu coração, Ágata, costuma voar?

O mar, o vasto mar consola nossas dores!
Que demônio deu à fala rouca do mar,
Ao som do imenso órgão dos ventos cantores
Esta missão sublime de nos embalar?
O mar, o vasto mar consola nossas dores!

Seqüestra-me, fragata! leva-me, vagão!
Para longe! Aqui o choro vira lama!
Será de Ágata o triste coração
Que diz: longe das dores, dos crimes, do drama,
Seqüestra-me, fragata, leva-me, vagão?

Como estás longe, paraíso perfumado,
Onde só um amor feliz pode viver,
Onde o que se ama merece ser amado,
Onde a alma se afoga no puro prazer!
Como estás longe, paraíso perfumado!

Mas o paraíso da primeira paixão,
As festas, os buquês, os beijos, as canções,
Violinos vibrando à tarde no verão,
À noite, nos bosquinhos, vinho aos borbotões
-- Mas o paraíso da primeira paixão,

O paraíso infantil do prazer furtivo
Estará mais longe que a Índia e o Nepal?
Pode chamá-lo nosso choro convulsivo
Para ressuscitá-lo com voz de cristal,
O paraíso infantil do prazer furtivo?

3 comments:

Anonymous said...

Olá, Jorge.

Belíssimo blog o teu!

Estou te convidando para visitar meu blog recém-iniciado:

http://olugarqueimporta.blogspot.com/

Um abraço,

Marcelo Novaes

Anonymous said...

Oi pessoa,
q posta essas belas imagens e lindos poemas. Gostaria de ver em seu blog "Paraísos Artificiais".
bem, qqlr coisa entra no meu www.papagaiomudo.blogspot.com
e seja bem-vinda.
parabéns,
Gustavo

Anonymous said...

OI pessoa, q posta imagens tão belas e poemas tão lindos. eh, chega a ser piegas. Qqlr hora entra no meu www.papagaiomudo.blogpot.com
e seja bem-vinda.
Gustavo